Obs.: Foi mantida a ortografia empregada por Antonio Vieira dos
Santos e textos conforme constam na edição de 1950 abaixo citada.
SANTOS, Antonio Vieira dos. Memória Histórica Chronológica Topographica, e Descriptiva da Villa de Morretes e do Porto Real Vulgarmente Porto de Cima. Secção de História do Museu Paranaense. Curitiba, Dezembro de 1950.
TEATROS E PEÇAS TEATRAIS EM MORRETES
pág. 115 - 1823
174. – Em 28 e 29 de Junho se pôz em sçena em hum grande theatro de madeira que se levantou na rua da Cadéa, no pr.° dia o Entremezes do Valente de Sancho Pança; e no segundo a Comedia de Esopo ou a Esopaida, peças muito bem executadas por jovens Morreteenses com grande aplauzo. Esta funcção dedicada á festevidade de S. João Baptista e feita pelo Cidadão João Evangelista.
pág. 149 - 1826
214. – Em o méz de Setembro ou Outubro alguns jovens Morreteenses deliberarão formar hua subscripção para a reprezentação Theatral de hua comedia com o fim de se instruirem e divertirem ao publico, elegendo ao Author destas Memorias para a Directoria e ensaiador da mesma reprezentação e depois de terem decôrado, e ensaiado a Opera denominada Ezio em Roma – e outros Entre-mezes e levantado o Theatro alem da pônte no pequeno pateo fronteiro as Cazas do Capitão Hipolito Jozé Alves, e feitos os Camarôtes, (* ) e acabados estes trabalhos no dia 23 de Dezembro e pôr-se em scena no dia 25 de Dezembro á noite para cujo fim tinha concorrido a mesma Freguezia muita gente das Villas lemítrofes, a asistirem mas infelismente, tendo falescido no Rio de Janeiro no dia 11 do mesmo mez a Imperatriz do Brazil Dona Carolina Jozefa Leopoldina por cujo motivo são fechados os Theatros, e outros públicos divertimentos, foi communicada pelo Presidente da Província esta noticia ás Auctoridades da Villa Antonina, e os magnates della sabendo que, os Morreteenses no dia 25 punhão em scena a sua reprezentação o Capitão mor daquella Villa Francisco Rodrigues Ferreira mandou ordem no dia 24 a substar, a mesma reprezentação com o fim de unicamente de fazer desfeita aos Morreteenses, talves porque estes jovens lhe não forão render vassalagem e pedir lhe vénia e faculdade de fazerem a sua reprezentação do que por zélo do serviço publico porque bem pudera demórar a execução desta ordem mais hum ou dois dias e não fazer inutilizar a dispeza que esses jovens fizerão em recreio publico, e instrucção propriamente de suas pessoas; acção que foi mui censurada de muitas pessoas e té do Dezembargador e Ouvor da Commárca o Dor. Jozé Verneque Ribeiro de Aguillar que, instou com os Actores a que se puzesse o drámma em scena mas temerozos de serem presos e castigados por esse Pachá de Antonina, não quizerão, ficando o publico em geral bastantemente desgostozo com taes arbitrariedades.
pág. 367 - 1841
453. – No dia 17 de Julho a tarde entrou este luzido Esquadrão de Morreteenses triunfantes na Cidade de Paranaguá; onde forão recebidos com o mais exaltado enthusiasmo pelos briozos Paranaguense entre mil vivas, de immenso pôvo que se apinhou em todas as rûas da Çidade, e de immensos fogos do ar, repiques de Sinos, e tiros de peças de artelharia das Embarcações sûrtas no porto daquella çidade, a grande alegria publica confundida com mil vivas e abraços dos amigos parecia como aquelles triunfos que se fazião em Roma nas victorias dos Romános; e ao mesmo tempo foi aumentada a alegria dos Paranaguenses a entrada da primeira tropa de animaes carregados com generos de Serra Acima que da Freguézia de Sm. Joze dos Pinhaes conduzio e foi a primeira que trilhou a nova Estrada o Çidadão Manoel de Bastos Coimbra. Os Solemnissimos festejos que os Paranaguenses fizerão naquella Çidade em o dia 18 dedicado a Coroação, e Sagração de Sua Mage. o Imperador, nunca já mais se fará outra igual, os Arcos e Carros Triunfantes, os Amphiteatros e brilhantes illuminações, os hymnos de alegria, as Solemnidades religiozas as Peças Dragmaticas do Theatro, os fogos luminárias, e o pôvo imménso que veio de toda a parte assistir a tão brilhante função, nessecitava muitas linhas a descreve-las.
pág. 370 - 1841
465. – Preténdendo a Camara da Villa de Morretes a imitação de alguas mais principaes da Província Solemnizar a Coroação e exaltação de Sua Magestade Imperial ao throno Brazileiro, com a devida pompa e grandeza, possível, destinou 19, 20 e 21 de Setembro do corrente anno para estas se fazerem, e para isso antecipadamente mandou affixar hum Edital datado a 4 de Agosto, no qual convidou a todos os proprietários, e mais moradores a mandárem clarear a frente de suas Cazas, afim de se tornárem mais elegantes aos espectadores os mesmos festejos, e tendo marcado o dia 29 de Agosto se transferio depois para o mez de Setembro, e foi promôvida pelo Juiz de Pas Manoel Joaquim de Souza, por todos os Cidadãos da Villa e Município hua subscripção voluntária e se fazer os mesmos festejos com toda a grandeza( Notta 30) para o que se mandou levantar no largo chamado da parada, hum Theatro de madeira, tratando-se do ensaio de peças dragmaticas, finalmente todos os Cidadãos a porfia se preparávão com gosto, e alegria para esta função Nacional.
467. – Em 19 de Setembro. Domingo de manhã houve Missa Solemne Cantada pelo Vigr°. Pe. Jacinto Manoel Gonçalves de Andrade com o Senhor expôsto e depois se cantou o Te Deum em Acção de Graças pella Sagracão e Coroação de Sua Magestade, Imperial, a cuja função assistio todo o Batalhão da Guarda Nacional, que postada na frente da Igreja derão descargas d’alegria, e de noite houverão luminárias na Villa, houve no Theatro que se armou no largo da parada reprezentações Dragmaticas a que assistirão immenso pôvo por sér geral para toda a classe de pessôas poderem assistir a mesma reprezentação.
468. – Em 20 de Setembro de noite houve tambem luminária, e no Theatro outra reprezentação Dragmatica de Belizáreo, e alguns Entremezes.
pág. 410 - 1844
590. – Em 29 do mez de 7bro. se fes na Villa de Morretes a grande Solemnidade do benzimento do Estandarte do Batalhão na Igreja Matriz, a cujo acto assistio o mesmo Batalhão, á Missa da paráda e depois de ser benzido o mesmo derão três descargas de alegria.
- De noite foi feita a primeira reçita no nôvo Theatro onde se reprezentou o Drama – o Patriotismo e o Entremez dos Ladrõens – O Theatro onde foi reprezentado se armou dentro de hum comprido Armazem do Cidadão Joaquim Antonio dos Santos Souza; e o Author destas Memorias fes a Allocução seguinte que nelle foi lida ao publico:
“Illustre Auditorio. – O Amor da pátria esse fogo celestial foi o único movel que neste dia singular inflammou a juventude Morreteense para mostrar ao mundo inteiro qual deve ser o herôico impulso á vista de nossas insígnias Naçionaes, dessa Bandeira que hoje cheia de gloria, e de triumpho tremulou no çentro do Batalhão dos Guardas Nacionaes. Nós não devemos ter nenhua inveja dessas Nações do antigo mundo, nem dessas cohortes Romanas quando a vista de suas Aguias; impávidas caminhavão aos combates, nem mesmo dessas triunfantes Legiões francezas, que tanto aterrarão a Europa a vista das mesmas Aguias, e das côres emblematicas da liberdade, sim a nossa divisa he muito mais herôica, atractiva e patriotica as côres alegres verde da primavera, e as do oiro amarelento que pizamos, e a esphera armilar celeste circulada de brihantes estrellas, qual refulgentes diamantes que brilhâo nas Minas do nosso Sólo, a grão Cruz da Ordem de Christo, que a adôrna, os ramos de fumo e do Café, productos principaes de nossa riqueza dão bem a conhecer o gráo de esplendor, e a cathegoria que este Império tem entre os mais do mundo – Desculpai... desculpai pois ó illustre Auditório, nossos erros e defeitos, mas conheçereis qual foi, e inda he, e será o nosso patriotismo”.
pág. 417 - 1845
611. – No dia 20 de Janeiro, houve na Povoação do Porto de Çima hua grande festa, dedicada ao gloriôzo Martyr Sm. Sebastião com Missa que se dice em hua Caza particular, em hum Altar portatil, da qual foi festeiro o Cidadão Manoel Ribeiro de Macedo a que assistio muito pôvo. De noite houve hua reçita que se fes em hum Theatro de madeira que para esse fim foi levantado reprezentando se – o Dezertor Françez e alguns entremezes. b
pág. 418 - 1845
617. – Em o dia 3 de Maio houve na Igreja Matriz hum Te Deum em Acção de graças cantado pelo Revdo Parocho Jacinto Manoel Gonçalves de Andrade, a expénsas da Cámara. A noite houve no Theatro recta, e nelle foi representado o Drama – o Dezertor Françez.
618. – Em 4 de Maio a noite houve no Theatro segunda reçita representando se o Dráma – da Ilha dezabitada. Estas solemnidades forão antecedentemente publicadas por hum bándo da Cámara Municipal.
619. – Em o dia 22 de Maio a noite houve reçita no Theatro e nelle foi reprezéntado o Drama intitulado – dos Salteadores de Malberge.
pág. 426 - 1845
647 – Em 19 de Novembro de noite houve no Theatro no Armazém do Çidadão Joaquim Antonio dos Santos Souza hua reprezentação de mágica.
pág. 445 - 1847
696 - [...]
- Em 23 de Junho foi feita hua grande liluminação, em hum amphitheatro de madeira que se armou sobre quatro columnas formando hum portico, sendo aos lados avarandádo com duas pirâmides: havendo hum coro de muzica em cima do mesmo portico, e todo embandeirado com diversas bandeiras de Embarcações; e hua fileira de palmeiras com mais de 200 luzes e alguns fógos do ar; a cuja illuminação concorreo immenso pôvo; esta festevidade foi dedicada a Sm. João Baptista, que estava enfeitado o mesmo Santo em hum Altar portatil, em hum quarto das Cazas do Cidadão Agostinho Jozé Pereira Lima, em cuja frente he que foi feita esta illuminação, a custa de hua Subscripção promovida pelo Cidadão Isidoro Marques Leal.
pág. 453 -1848
718. – Em 25 de Junho foi a primeira reçita que se Reprezentou no nôvo Theatro Philarmonico Morreteense, e foi posta em scena a peça Dragmatica denominada – o Vélho dos 25 annos, e o Entremez – Judas no Sabado d’Alleluia, que seus Comicos desempenharão optimaménte. Antes da reprezentação foi lida ao publico pelo Cidadão Francisco Antonio da Costa Nogueira hua Allocução analoga a abertura do mesmo Theatro composta pelo Author destas Memórias( 33)
pág. 457 - 1848
729. – Em 7 de Setembro. – A noite houve hua réçita de Fayel e huns Entremezes no Theatro.
731. – Em 2 de Dezembro. – De noite houve Theatro e nelle foi representado o Drama intitulado – O Valido sanguinario – e o Entreméz do Sovina.
pág. 460 - 1849
738. – Em 22 de Abril. – De noite houve Theatro nesta Villa e nelle foi representado o drama intitulado – Ultima Assemblea dos Condes Livres, e o Entremez do Dezertor.
pág. 464 - 1849
750. – Em 22 de Julho. A noite houve Theatro, e nelle foi representada a peça Dramatica intitulada – O Crime, ou vinte annos de remôrsos e o Entremez o Juiz de Paz da roça.
pág. 470 - 1849
762. - [...]
- A noite houve Theatro, e nelle foi reprezentado o dráma – A Inquizição ou Antonio Joze e mais outro Entremez.
pág. 484
796. – Em 2 de Dezembro houve Theatro e nelle foi reprezentado o Sino das duas horas, e o Entremez – Lições aos Paes de família.
pág. 485
798. – Em 6 de Janeiro houve Theatro, e nelle foi reprrzentado o Drama – o Fronteiro d’Africa e o Entremez – Manoel Mendes inxundio ........
REFERÊNCIAS:
( * ) Theatro volante principiou se a armar no dia 20 de Dezembro e no dia 23 ficou acabado bem como muitos Camarotes aos lados lateraes do incarno e banqueadeiras, etc.
(NOTTA 30)- O Capitão Manoel Joaquim Promoveo esta [subscrição] para a qual todos os Çidadãos voluntariamente concorrerão e sabe-se que tirou para isso talves 500$ mil reis ............ he de sentir que não apareça a lista dos nomes desses generôzos Çidadãos contribuintes ............ generozos se prestarão a solemnizar ............ dade da Coroação do Sm. D. Pedro 2°.
( 33) Allocução que fés o Autor destas Memórias e foi recitado no Theatro Philarmonico Morreteense pelo Cidadão Francisco António da Costa Nogueira no pr.o dia de seu abertura em 25 de Junho de 1848 do Theor seguinte.
Illustres Morreteenses – Exultai d’alegria! Hoje hé o dia venturozo que pela vês primeira se abre o Theatro Philarmonico desta Villa a imitação do Templo de Jano no reinado de Augusto. Mas que vejo?... Aqui congregada toda a nobreza e reunida as suas illustres familiasi a essas Brazileiras fermozas que em torno das galerias deste recinto o rodeiâo quaes mimôzas flores que adornâo os mais bellos Jardins, ou outras estrellas brilhante do firmamento enchendo d’alegria esta festival scena. Sim ó jovens fermozas d’ora avante vos devereis ser o mais forte sustentáculo desta instituição recreativa e de interesse publico, onde nas reprezentações drammaticas, que se [ilegível] scena, possa vais ver a sâa [ilegível] os bons costumes e horrendos vícios que muitas vezes dominão as paixões mais vivas, e acarretando crimes e onde finalmente a mocidade se pode instruir progressivamente, com as luzes do século, porisso que deveis influir nos ânimos de vossos filhos, e charos Consortes, que não dezanimem hua instituição tão útil, e com tantos sacrifícios foi começada, e que d’ora avante hé que se pode desfructar hua recreação tão agradável aos Cidadãos Morreteenses.
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