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MHAM - Museu de História e Artes de Morretes

CICLOS DE EXPOSIÇÕES

04 - Ciclo da Navegação dos rios

(Página em construção!)

(Obs.: Foi mantida a ortografia empregada por Antonio Vieira dos Santos e textos conforme constam na edição de 1950 abaixo citada.)

O porto de embarque tinha seu principio no porto do Rio do Pinto: no lugar que depois fés Çitio Theodora da Costa e deste ponto passava ao páo vermelho, e pelo terreno das lavras chamadas do pantanal, e limoeiro, de onde se subião os morros de Brajâutuba, da Serra velha da Fartura, do pau Ôcco, e do palmital sahindo no lugar denominado inda hoje o Arraial.

3. – Outros investigadores; pelos mesmos annos ou depois delles, examinando, os grandes rios que dezaguão na Bahia da Villa Antonina; sendo entre elles o da Faisquéira, que inda em memória de encontrarem nelle este metal conserva o próprio nomes derivado dos trabalhadores faiscantes; estes talvés possuídos das mesmas ambiçõens de adquirir riquezas, e querendo subir a Serra abrirão o pique della que hoje hé chamado da – Graçioza – para servir de transito Geral de communicação em razão de seu local ser de hua fácil e doce subida, e por este motivo, desde sua antiguidade tem sempre o Governo Central e os Generaes e Presidentes da Provincçia e as Cámaras de Curitiba e de Antonina, a que tenha a preferénça O antigo porto do Padre João da Veiga, e depois denominado de Theodora da Costa em razão desta mulher ahi fazer seu estabelecimento foi este lugar o primeiro porto de embarque  e dezembarque da Estrada do Arraial, hoje estaria hua povoação florescente se os Morretes não lhe tomasse adianteira a ser ali o porto geral do Contracto das passagens do Cubatão floreçendo este, e fenecendo aquelle, a todas as mais; em sua reparação, e abertura, o que por vezes se tem feito, mas os viandantes geralmente repugnão, o seu tranzito, e tendo-se nella feito muitos Sacrifícios, onérôzos aos povos, deste Município, adjunto aos da Villa Antonina, nas aberturas, e suas reparações todos tem sido inutelizados, té ao prezente.

[...]

20. – Mostrar ao leitor qual era o quadro pitoresco que aprezentava o solo desta Villa ao navegante que pelo rio tranzitava, desde o descobrimento te o anno de 1725, a 1730 em que veio o primeiro habitador, aqui situarse, comparativamente com a vista que ora aprezenta a planta de hua Villa Commerçial, há hua grande comparação imaginável, Imaginável que bem se pode compreender. Naquelles antigos tempos, o rio Cubatão era mais estreito do que hoje suas agoás cristalinas serpenteando immensas voltas, vinhão deslizar sua corrente na foz Occidental de hum braço que a grande Bahia de Paranaguá lança para aquelle lado, suas margens acobertadas de espessas mattas, e grandes arvoredos, de cor verde, negra, e nelles em ramados te o cimo de seus galhos, a Tiririca arbusto vegetal da classe trepadeira produzindo immen(sas) folhas pendentes de hum verde claro, formavão a roda da cada arvore em alguns lugares, pyramides de diferentes alturas mui apropriadas aos lugares Sepulcraes, offereçendo hua vista triste e melancólica; e com suas sombras obscurecendo a corrente das cristalinas agoas as tingião de negrume.
Esse antigo e perigozo salto denominado - do Funil - onde nos primeiros annos do descobrimento da navegação do rio se viravão as Canoas em sua descida, morrendo ahi muitas pessoas, affogadas, derão-lhe este nome Funil por que a corrente do rio se estreitava por entre duas fileiras de pedrõens e rochas finando em sua embocadura, á maneira de hum funil, onde as agoas em sua apertada sabida davão hum salto: este perigozo, obstáculo já a muitos annos não existe pelo Rio ter mudado em outra direcção outras caxoéiras inda se tinhão a subir próximas a Morretes, como he a das pedras, algum tanto perigôza, mas preciza haver cautela na descida a evitar a grande força da corrente, que esta não arrebate as Canoas contra a,s mesmas pedras com perigo de ser virada, outra Caxoéira se segue chamada da Guaporunga he baixa más não perigôza, e finalmente tem a ultima e comprida caxoéira, fronteira a Volta chamada da vergonha não hé perigôza más a força da corrente he ali arrebatada, e para a poder subir carese que os romeiros se exforçem para isso e por cujo motivo ficou com esse
nome. A navegação de Morretes te ao Porto de Cima não era antigamente menos trabalhoza e perigôza na descida de alguas Caxóéiras pois havião mais de [ilegível] te chegar ao mesmo porto do dezembarque. Antigamente era defficultoza a navegação deste Rio por muitos obstáculos que se encontravão, seu alvéo era mais apertado e que grossas enchentes lhe tem dado suffeçiente largura ás tranqueiras de grossa arvores que as enchentes espalhavão em differentes lugares não existem por se haver feito varias limpezas, o mesmo, se encurtou a sua navegação, em distancia de mais de meia legoa em furados, que se mandarão abrir no anno de 1846 pêlos quaes se emcaminhou o leito do mesmo rio evitando, a volta chamada a grande a de Santa Fé, e a do Ururá, finalmente hum giro de Commérçio activo com a navegação mais de vinte Canoas diares a Cidade de Paranaguá, e de 6 ou oito para Porto de Cima tem feito o mesmo rio sufficientemente navegável.

SANTOS, Antonio Vieira dos. Memória Histórica Chronológica Topographica, e Descriptiva da Villa de Morretes e do Porto Real Vulgarmente Porto de Cima. Secção de História do Museu Paranaense. Curitiba-PR, Dezembro de 1950.


(Obs.: Foi mantida a ortografia empregada por Romário Martins e textos conforme constam na edição de 1937 abaixo citada.)

RIO NHUNDIAQUARA. — É formado pelos rios Itupava e Mãe Catira. É navegável por canoas desde a confluência desses dois rios até Morretes si se melhorar o canal cada vez mais entulhado de pedras acumuladas pelas enchentes. De Morretes para baixo é navegável por canoas, sem trafego comercial de importância.
O Nhundiaquara e alguns dos seus tributários teem grande declive, e, assim, são as suas águas aproveitadas para motoras de pequenos engenhos.

HISTÓRICO. — O Nhundiaquara também se chamou Cubatão e foi, no século XVIII, muito frequentado por embarcações desde a barra até as proximidades do Porto de Cima. Por aí se fazia todo o movimento de viajantes e de cargas até Paranaguá e vice-versa.

MARTINS, Romário. História do Paraná. Empresa Gráfica Paranaense, Curitiba-PR, 1937. pág. 31.

2 — Caminho Fluvial do Cubatão
Desde os primeiros tempos da história do litoral, e, a seguir, do planalto, a via Porto de BarreirosPorto Real (Morretes)Porto de Cima, foi o roteiro único até a raiz da Serra do Mar, até a abertura do Ramal da Graciosa para Antonina e até mesmo algum tempo depois. Criticando a guerra de portos que tanto prejudicou o progresso das comunicações no Paraná e que chegou a aliciar contra o porto de Morretes o alto espírito do primeiro Presidente da Província, ao ponto de o fazer dizer que a abertura da Graciosa em direção de Antonina "libertaria o comércio das forcas caudinas do rio dos Morretes, — escreveu o engenheiro Monteiro Tourinho:

— "Enganaram-se todos, porque construiu-se a estrada da Graciosa e como consequência forçada (da diretriz — S. João-Antonina) a Província teve de suportar a despeza dos ramais e Morretes ou Barreiros continuou, como dantes, a ser um importante ponto de embarque intermediário do porto de Paranaguá".
O caminho fluvial do Cubatão, navegado por canoas, constituía-se de duas secções: porto do Rocio de Paranaguá até o de Barreiros, e deste, pelo rio Nhundiaquara, (também chamado Cubatão) até o Porto de Cima, onde se interrompia a navegação. Daí em diante, rumo do planalto, o caminho era percorrido a pé, até Curitiba, pelas diversas picadas da Serra. Havia duas secções desse caminho, para efeito tarifário: de Paranaguá-Morretes, e de Morretes-Porto de Cima e vice-versa, respectivamente.

MARTINS, Romário. História do Paraná. Empresa Gráfica Paranaense, Curitiba-PR, 1937. pág. 125.

 

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